terça-feira, 9 de maio de 2023

NÃO EVITE O MAL PARA SE DAR BEM...OU NÃO?! (1)

 Dia desses encontrei Zé, o Bidu, passeando no shopping, era um domingo à tarde.

Puxava os netos pelo braço e comia alguma coisa parecida  com algodão doce, que provavelmente comprara dizendo à vendedora que era "para os netinhos", esses, é claro, não viam nenhum pedaço da guloseima.

Bom, perguntei por que resolvera se aposentar, pois ainda aparentava disposição...

Ele olhou para um lado e para o outro, abriu um olho, fechou o outro e disparou o petardo:

Veja bem, gente boa, passei mais de quarenta anos executando mandados diversos, mas o mais chato mesmo era fazer penhora.

Depois de muito tempo, comecei a enjoar daquela repetição de coisas , que deixavam os executados irritados. Aquilo era uma invasão mesmo da vida , dos bens, para se reaver quantias de impostos não declarados e outros débitos parecidos.

E continuou:

- Enfrentei mau tempo, dias difíceis, violência na rua, insegurança, mas nunca reclamei, pois era a missão que eu tinha de realizar e já sabia quando prestei concurso para trabalhar como Oficial de Justiça.


- Mas um dia, não mais que um belo dia, deparei-me com um caso de uma empresa grande que sempre cumpria seus deveres tributários, mas que devido àquela pandemia lá pelos idos do ano de 2019, ela se desequilibrara e teve problemas no caixa e, como aconteceu com boa parte dos empreendimentos, enfrentou dificuldades no fluxo de caixa e, enfim, a dívida acumulada  foi repousar na dívida ativa.

O itinerário de cobrança amigável chegou ao fim e teve que ser ajuizada a temida execução fiscal. 

Distribuição feita, lá chega o mandado para que eu cumprisse.

Como guardava os arquivos anteriores, consultei a tela do pje e vi que boa parte dos processos estava parcelada, o que logo fez-me abrir um sorriso, pois na maioria das vezes era sinal que todas dívidas seriam parceladas e que, talvez, a própria dívida que eu tinha em mãos poderia ter entrado no rol, mas pelos entraves burocráticos o "sistema" ainda não teria dado baixo consignando o possível parcelamento.

Assim, entrei em contato com a empresa, pedindo que, caso tivesse parcelamento em curso, que me mandassem os comprovantes para que eu devolvesse o mandado, evitando a penhora.

Até aí corria tudo bem, mas o advogado da empresa não gostou do fato de eu ter perguntado se a dívida tinha sido parcelada de modo global...

Chegou até aqui, nobre leitor? então aguarde o próximo capítulo...


2 comentários:

  1. A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro comentarista, era essa ideia mesmo de conciliação ,perguntar antes sobre parcelamento para evitar penhora inoportuna...você entendeu o espírito da coisa...

      Excluir