Boanerges Cezário*
Um assunto sempre comentado nas redes e nas rodas de
conversa, no momento, é o constante aumento de combustíveis, que causa
transtorno mesmo aqueles que não possuem automóveis, haja vista os efeitos
colaterais provocados nos preços dos alimentos e demais produtos impactados
pelos custos de transporte.
Cada um, ao seu jeito, governo e oposição, explicam os porquês de
tanta oscilação.
O governo atual lidera uma campanha atacando o icms
dos estados como vilão dos preços.
A intenção da campanha agora é mostrar que o icms é o
responsável pelo alto preço da gasolina, já que representa 24% do preço final.
Ocorre que se zerarem icms, como querem alguns em Brasília, os estados vão enfrentar
problemas de crise fiscal, pois o icms, em alguns casos, equivale a 70% das receitas estaduais.
Muita gente, sem informação ou mal informada, ficará
contra os governadores dos Estados. Só que se hipoteticamente o icms zerasse, o
preço baixo só duraria até passar o resultado da campanha eleitoral. Depois
restaria o caos e o penico na mão dos estados pedindo ajuda ao executivo.
A União não
terá dinheiro para amparar os estados, independentemente do candidato eleito em
Brasília. Se zerar imposto resolvesse preço, livro seria barato...ou não!?
Acrescente-se ainda um dado cultural do consumidor,
que tem parcela na nota de culpa, Veja
bem, gasolina, bebida, cigarro, drogas
(proibidas e liberadas) , por exemplo, vendem sem parar com consumo e preço
crescentes.
Os preços aumentam porque há procura de forma às vezes
inconsequente.
Há um certo ciclo de dependência de preços entre
produtos que sobem de preço. Atente-se ainda que a lei da economia de quanto
maior a oferta, menor o preço não acontece no Brasil exatamente porque o
consumidor se pendura no crédito.
Inteligentes como são, as empresas não utilizam
estoques, pois com a venda a crédito garantida tudo passa a ser on demand.
Qualquer regulação de preço (oferta/demanda) passaria
pelo crivo do consumidor, se esse fosse organizado.
Gasolina é um
item que o brasileiro não para de consumir, e não falo de quem trabalha, a
compra parte mesmo do pessoal que desperdiça e diz que não tem renda , mas
compra. O sistema do mercado entende que
enquanto tiver vendendo é porque não existe crise. Se depender do consumidor,
esses itens acima nunca baixarão. De onde vem o dinheiro de tantas compras, não
sei, só sei que é duro para quem compra com o próprio salário.
Então, leitor deste apedeuta que escreve, você acha que o consumidor de
forma organizada poderia conter a alta dos preços, dentre os quais o da
gasolina?
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