quarta-feira, 27 de março de 2013

Reportagem Especial sobre Oficiais de Justiça - segunda parte


Dificuldades não desestimulam os oficiais de justiça do Tocantins

Estresse e depressão são as doenças que mais atingem os oficiais de justiça. O Programa de Acompanhamento Funcional Despertar, da Secretaria de Gestão de Pessoas do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10) obteve ao longo de cinco anos um diagnóstico da situação vivida por esses profissionais. De acordo com a pesquisa, mesmo doentes, a maioria (78%) opta por não se afastar do trabalho. Em 2009, o número de oficiais de justiça com algum tipo de transtorno mental ou comportamental representava 17% do total. Rosemary Wargas, responsável pela Secretaria, acredita que o alto índice se deve, principalmente, aos riscos da profissão.

“São os oficiais que entregam o benefício social da Justiça do Trabalho, mas isso tudo tem um custo para a saúde deles. Alguns profissionais reclamaram inclusive de falta de reconhecimento da atividade e da dificuldade de se manter emocionalmente imparcial durante as diligências. Por isso, na medida do possível, as questões reivindicadas por eles têm sido atendidas pelo Tribunal. Em 2011, realizamos o primeiro encontro do grupo em Brasília e o segundo está programado para acontecer em junho deste ano”, revelou Rosemary.

Satisfação

Mesmo diante dos percalços de sua atividade, Janine da Silva Barbosa – que é oficiala na região de Dianópolis (TO) – diz estar satisfeita com o trabalho, principalmente, pela possibilidade de ter mais contato com as partes das reclamações trabalhistas. “Eu gosto dessa conversa, ouvir as histórias, do trabalho externo. Desenvolvi muito meu lado humano para chegar às diligências com cautela e respeito. Por isso também busco sempre contato com outros oficiais, para me assessorarem. Nosso treinamento é a vivência prática”, afirma. Ela ainda procura estimular os interessados em entrar para a carreira. “Recomendo porque gosto muito da minha profissão”, afirma.

Quem também está satisfeito com a carreira escolhida é Glaudson José Souza França, 46 anos, oficial de justiça há 14 anos em Gurupi, terceiro maior município do Tocantins, localizado ao sul do estado, cujas principais atividades econômicas são a pecuária e a agricultura. “Estou satisfeito com a profissão. Aqui é um paraíso. A gente trabalha diuturnamente e acaba sendo motorista, pistoleiro, psicólogo e até padre”, brinca ele, que cumpre, em média, 40 mandados por mês, em 17 municípios. O oficial chega a viajar 560 km ida e volta no ofício de sua função.

“Portador de notícias do Judiciário é o mesmo que mensageiro do diabo”, define. Ainda assim, o oficial se diz bem à vontade e já bastante acostumado. “Já fui ameaçado de morte duas vezes”, revela Glaudson, que também diz temer mais o trânsito das rodovias. “Há um desgaste muito grande do veículo e as estradas são mal conservadas”, aponta. Mas para quem pensa em escolher a profissão, ele orienta: “Muito estudo porque é uma carreira promissora e boa. Apesar de todos os percalços, não a trocaria por nenhuma outra”, diz o oficial.

Fonte: Sítio Oficial do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, de 19 de março de 2013

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