Uma vez, num certo dia de
inverno cinzento, um jornalista tomou seu café tranquilo, mas estava aflito,
apesar de aparentar muita calma.
Pela manhã, cedinho, o
editor geral já havia lhe passado uma mensagem pedindo para ele correr atrás
das notícias que lhe foram pautadas .
A aflição dele era porque
em dias de chuva as pessoas se retraem naturalmente, a empolgação para
responder a uma indagação jornalística nas ruas fica mais rarefeita, pois na
verdade as pessoas querem ficar dentro de casa, dentro dos escritórios,
trabalhando virtual nos seus home offices.
Mas editor é editor e ai
daquele jornalista que voltar pra redação e não trouxer as matérias completas
com todos os detalhes.
Numa sequência rápida, dá
para você, leitor, pensar abrindo o jornal pela manhã, tomando seu café, e se
deparar com as páginas do jornal em branco? No meio da página você lerá um
aviso de que apesar do esforço geral dos repórteres não foi possível escrever
uma linha...
Alguns leitores acharão
gozado, outros cancelarão assinaturas, patrocinadores se afastarão , retirando
suas contas daquela mídia, sem falar na repercussão profissional que o meio
jornalístico vai comentar.
Os leitores mais antigos
vão lembrar até do tempo que os jornalistas tinham notícias, mas nada podiam
publicar, momento que havia censura cotidiana à liberdade de expressão
jornalística. Bom, mas isso só os antigos iriam lembrar, só nunca entenderiam
abrir um jornal nos dias de hoje e ver aquela expressão apesar do esforço
geral dos repórteres não foi possível escrever uma linha...
Pois bem,
dia desses me deparei com uma penhora onde o executado era um jornalista, que
não cedia para abrir as portas do imóvel para que eu pudesse avaliá-lo.
Fiquei imaginando se eu fosse comparar o juiz ao editor e
devolvesse o mandado sem cumprimento. Assim como o jornalista informou ao
editor que não conseguiu trazer as matérias pautadas, fazendo com que o jornal fosse
publicado em branco, eu dissesse ao juiz que não terminei a diligência porque o executado não abriu as portas do imóvel...
Acho que, naquela situação o jornalista levou
o maior esporro do editor geral e perdeu o emprego, claro!.
Quanto a mim, como
oficial de justiça, não vou receber bronca do juiz por causa disso, nem me arriscar a ser exonerado via processo administrativo e sujar minha folha...
Cumprirei o mandado,
relatando resistência do executado jornalista e deixarei a reprimenda do juiz para
ele (o repórter) quando comparecer à audiência e o juiz já tiver lido as
peripécias do desidioso repórter...
Excelente. 👏👏👏👏
ResponderExcluirvaleu!
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